Um breve histórico da Cannabis medicinal

O uso da Cannabis como tratamento medicinal não é algo novo na humanidade, data de 2700 A.C.

O primeiro registro foi encontrado na farmacopeia chinesa, Pen Ts’ao Ching recomenda o uso da Cannabis para dores nas articulações e prisão de ventre.

No Egito 1500 A.C, o Papyrus Ebers, livro de medicina do Antigo Egito, indica a Cannabis para inflamações nos olhos e cólicas menstruais.

Já no século 19 a tintura de Cannabis já era utilizada nos Estados Unidos para alivio das dores e náuseas, entretanto, nos anos 30, houve uma intensa campanha de grupos conservadores contra a maconha, jornais passaram a publicar seguidas matérias associando a crimes violentos.

Também devemos levar em conta que a Cannabis e seu derivado, o cânhamo, estavam ameaçando a indústria do papel e seus aditivos derivados do petróleo e o cânhamo poderia ser uma obstáculo ao crescimento deste mercado, sob pressão, em 1937, o congresso americano proibiu não apenas o uso da maconha recreacional mas também a planta e todas as suas possibilidades medicinais.

Nos anos seguintes, o mesmo aconteceria com o resto do mundo.  A mudança de paradigma em relação da possibilidade do uso da Cannabis como tratamento medicinal ocorreu a partir da década de 90 com a descoberta a nível cerebral do sistema endocanabinoide pelo pesquisador israelense Raphael Mechoulam, da Universidade Hebraica de Jerusalém, a qual verificou-se a existência de receptores específicos para os canabinoides( que são os compostos químicos do vegetal do gênero Cannabis).

No total 110 canabinoides distintos já foram isolados, sendo os principais o canabidiol (CBD) e o tetra-hidrocanabinol (THC). Em 1996, o estado americano da Califórnia (EUA) foi o primeiro a aprovar por plebiscito o uso medicinal da Cannabis, foi, então, denominado de “lei da compaixão”.

Em 2001, por ordem judicial, o Canadá tornou-se o primeiro país do mundo a ter um programa federal que fornece maconha para fins terapêuticos.

No Brasil, em 2014, foi autorizado o uso do CBD como uso compassivo (medicamentos sem registro na Anvisa), no entanto, devido a burocracia, pacientes necessitavam cerca de quatro meses para conseguir o tratamento e com um custo pouco acessível para a maioria da população.

Contudo, em 2020, uma nova regulamentação da Anvisa permitiu a venda de produtos derivados de Cannabis em farmácias. Criou-se uma categoria especial para os chamados “produtos derivados de Cannabis”, que fica entre os suplementos alimentares e os medicamentos, as empresas podem importar a matéria-prima semielaborada, e o custo reduziu. Estas nova medidas facilitaram a prescrição médica e o acesso do paciente ao Cannabis Medicinal.

 

Diferenças entre o uso da Cannabis medicinal e o uso recreativo:

 

É importante ressaltar que o uso medicinal da Cannabis não tem nenhuma relação com o uso recreacional (maconha fumada, vaporizada ou ingerida).

A Cannabis utilizada de forma recreativa tem concentrações muito mais altas de THC, que tem ação psicoativa. Ao contrário, a ação terapêutica da Cannabis está mais relacionada ao CBD, principal composto não psicotrópico da Cannabis.

Para algumas condições clinicas e sintomas (dor, insônia), utilizamos compostos full spectrum, que também contém THC, mas em concentrações bem menores que a maconha recreacional.

O CDB não causa dependência, é utilizado em forma oral líquida (gotas), oral em cápsulas ou comprimidos, spray nasal ou até mesmo tópica em forma de creme ou gel, ou seja, a posologia pode ser ajustada de acordo com a necessidade de cada paciente.

O uso da maconha recreacional não tem nenhum controle da matéria prima, podendo conter substancias nocivas, e a própria Cannabis com alta concentração de THC (maconha fumada), pode gerar dependência, depressão, alterações cognitivas, episódios psicóticos em pessoas predispostas, e problemas pulmonares.

 

 

A importância de utilizar produtos farmacêuticos de qualidade:

 

Quando prescrevemos a Cannabis para fins medicinais, é necessário utilizar produtos que forneçam a concentração exata dos principais compostos ativos: CBD, THC, CBG, etc.

Isso porque cada um dos compostos atua em determinado sintoma que queremos tratar. Então é importante para o médico, na hora de prescrever, conhecer a concentração deles para o tratamento adequado, de acordo com os estudos já realizados.

Além disso, utilizar produtos que têm selo de qualidade garante a pureza em relação à contaminação por metais pesados e agrotóxicos.

Apesar de ser uma alternativa interessante e eficaz no tratamento de algumas doenças e condições, como todo fitoterápico, o uso da Cannabis pode ser também nocivo e causar efeitos colaterais, por isso a importância de prescrever com responsabilidade e sempre com base em estudos clínicos.

O medico prescritor deve estudar e conhecer o mecanismo de ação dos compostos da planta, por exemplo, o CBD é indutor enzimático das enzimas hepáticas do Complexo P450, muito importante na metabolização de muitos medicamentos, podendo interferir na ação destas medicações.

Por isso não recomendamos o uso de óleos artesanais pois não conhecemos a concentração e não temos garantia de pureza!

 

Condições clinicas que possuem estudos e que estão sendo estudadas para potencial uso da Cannabis medicinal:

  • Epilepsia
  • Dor Crônica
  • Espasticidade
  • Insônia
  • Ansiedade
  • Autismo
  • Depressão
  • Doenças autoimunes
  • Doenças degenerativas e demências
  • Complicações oncológicas

 

Com funciona o tratamento médico com Cannabis:


Primeiramente você será avaliado em uma consulta médica, para avaliar se sua a condição clínica, bioquímica e patológia individual poderá se beneficiar do tratamento com Cannabis Medicinal, caso esta resposta seja positiva, será prescrito qual tipo de produto, concentração e posologia a base de Cannabis mais adequado para o seu caso. Após esta primeira consulta será realizado o acompanhamento da evolução e resultado do tratamento.

 

 

Informações sobre a prescrição de medicamentos derivados de Cannabidiol (CBD):

A indicação do uso destes medicamentos é feita após avaliação clínica e com base em estudos científicos e medicina baseada em evidências;

Prescrevemos somente medicações de marca segura, com teste de pureza e concentração de cada componente na planta conhecidos;

Assim como qualquer outro fármaco ou fitoterápico, os derivados de Canabidiol devem ser usados com responsabilidade e conhecimento sobre os efeitos terapêuticos alvo e os efeitos adversos;

Não fornecemos relatório médico para autorizar plantio ou importação da planta para fumo! Fumar sempre é prejudicial ao pulmão e à saúde! O uso terapêutico deve ser feito através de compostos líquidos (em gotas) e em cápsulas;

Não há relação entre o uso medicinal do Cannabidiol e uso de maconha fumada! Esta última é prejudicial e pode desencadear e piorar sintomas de transtorno mental.

 

 

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