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Demência no Brasil: Um Desafio em Crescimento

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Dra. Gianna Guiotti

Medica Psiquiatra

CRM DF - 15231

Por Dra. Gianna Guiotti

A demência, uma condição frequentemente associada ao envelhecimento, tem se tornado um tema de crescente preocupação no Brasil. Um estudo inovador conduzido pela Dra. Cleusa Ferri, psiquiatra e epidemiologista da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), lança luz sobre a real magnitude deste problema em nosso país (Ferri et al., 2023).

De acordo com a pesquisa, a demência não é uma consequência inevitável do envelhecimento, mas sim uma condição médica complexa que afeta uma proporção significativa da população idosa. Os dados são reveladores: enquanto 3% dos brasileiros entre 65 e 69 anos são diagnosticados com demência, esse número salta para 9% na faixa dos 75 aos 79 anos. Ainda mais preocupante é que 21% das pessoas entre 85 e 89 anos e impressionantes 43% daquelas com mais de 90 anos apresentam a condição.

Estas estatísticas não são apenas números. Elas representam milhões de indivíduos e suas famílias enfrentando os desafios diários impostos pela demência. Atualmente, estima-se que 1,76 milhão de brasileiros com mais de 60 anos vivam com algum tipo de demência, uma condição que causa a perda progressiva das células cerebrais, levando à incapacitação e, eventualmente, à morte.

O estudo de Ferri é particularmente relevante, pois é o primeiro a fornecer uma visão abrangente da prevalência da demência em todo o território brasileiro. Além disso, o relatório não apenas quantifica o problema, mas também oferece recomendações práticas para o governo e outros órgãos de saúde. A pesquisa sugere a necessidade de investir em ações de prevenção e monitorar continuamente a evolução do número de casos.

A Organização Pan-americana da Saúde (Opas) já havia destacado, em 2015, a urgência de se estabelecer uma estratégia nacional para enfrentar o problema da demência. Com os dados agora apresentados por Ferri e sua equipe, a necessidade de ação torna-se ainda mais evidente.

É vital que profissionais da saúde, decisores políticos e a sociedade como um todo reconheçam a demência como uma prioridade de saúde pública. Através da educação, pesquisa e prestação de cuidados adequados, podemos não apenas apoiar aqueles já afetados, mas também trabalhar para prevenir e minimizar o impacto desta condição em futuras gerações.

 

Referência:
Ferri, C. et al. (2023). O Peso da Demência. Journal of Gerontology. Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

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