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Meninas, mulheres e o transtorno alimentar!

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Dra. Gianna Guiotti

Medica Psiquiatra

CRM DF - 15231

Por Dra. Gianna Guiotti

É incrível como culturalmente, nós mulheres (desde que fomos meninas), sempre estamos preocupadas com a questão do peso e da estética.

Em meu consultório, vejo meninas de 7, 10 anos, já preocupadas com o peso e aparência física, em uma idade em que precisam crescer e ganhar peso naturalmente. Esta questão social e cultural impera em nossa sociedade, que tende a associar biótipos excessivamente magros e atléticos à beleza, riqueza, sucesso, competência e satisfação emocional.

Essa crença cultural está presente em comentários familiares e sociais, que podem servir como gatilhos para o desenvolvimento de transtornos alimentares. Uma mãe, tia, avó, amiga da escola ou namorado que faz um comentário, às vezes sutil, sobre a aparência de uma menina, pode desencadear um transtorno mental grave e de complexa resolução.

A grande maioria das meninas e mulheres apresenta uma preocupação exagerada com a estética. Isso ocorre porque a autoestima feminina, em grande parte, é construída na aparência física. No entanto, uma parcela pequena (prevalência de até 5% da população feminina) vai desenvolver um transtorno alimentar. Além do fator cultural, aspectos genéticos (histórico familiar) e algumas características de temperamento (perfeccionismo, rigidez, baixa autoestima, instabilidade emocional, impulsividade) são fatores etiológicos.

Esclarecendo, esses transtornos são muito mais do que a preocupação comum feminina com a aparência e o peso, são doenças complexas que interferem em como a pessoa se relaciona com a aparência ou peso e com o padrão alimentar.

Os transtornos alimentares mais comuns são a Anorexia e a Bulimia nervosa. A Anorexia é uma recusa da pessoa em manter o peso corporal mínimo para sua idade, altura e gênero, seja através de dietas, atividades físicas excessivas, uso de medicamentos e vômitos. A Bulimia é semelhante, porém com episódios de compulsão alimentar associados.

Atenção: outros transtornos mentais, como ansiedade e depressão, podem interferir no padrão alimentar. Portanto, nem sempre quando o paciente tem alteração no hábito alimentar (inapetência ou compulsão), existe um transtorno alimentar.

Esses transtornos têm origem em idade precoce, com a maior prevalência entre 13 e 17 anos, e em muitos casos, quando não há um desfecho grave e trágico, pode haver recorrências na idade adulta.

O tratamento dos transtornos alimentares é feito em equipe, com a abordagem do médico psiquiatra, nutricionista, terapia individual e familiar. A mudança na dinâmica familiar e a colaboração da família são fundamentais! O tratamento precoce é fundamental, pois a desnutrição e dietas radicais podem ser uma potencial causa da perpetuação do transtorno.

É papel de todos nós, enquanto sociedade, rever os valores e conceitos em relação às meninas e às próximas gerações. Devemos enaltecer as qualidades e potenciais muito além da aparência física e da cultura da “mulher objeto”.

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