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Por que os adolescentes estão se cortando?

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Dra. Gianna Guiotti

Medica Psiquiatra

CRM DF - 15231

Por Dra. Gianna Guiotti

A autolesão é um comportamento frequente hoje em dia, que preocupa muito pais e educadores. É preciso entender que nem sempre há um desejo ou intenção de morte, e nem sempre a existência de um transtorno mental.

O cérebro na infância e adolescência está em desenvolvimento, e a imaturidade cognitiva causa prejuízo nas funções executivas em geral (controle inibitório, tomada de decisão, capacidade de resolução de problemas, memória operacional) e na capacidade de lidar com as emoções. Emoções intensas, tais como culpa, raiva, vergonha, fracasso, medo, podem levar aos chamados “estados dissociativos”, como falha na integração e percepção de emoções, memórias, identidades, representação corporal, entre outros fatores, e representam uma causa comum da autolesão. Trata-se de um mecanismo de defesa imaturo e disfuncional de lidar com situações e emoções.

A prevalência da autolesão aumentou muito nos últimos anos, supostamente pelo fenômeno que chamamos de “contágio”, que ocorre principalmente na fase da adolescência. Nesta faixa etária, o padrão de comportamento do grupo é tido como referência e a necessidade de pertencimento influenciam os adolescentes a imitarem atitudes dos pares. Porém, muitas vezes, os adolescentes estão vivenciando sofrimento importante e a presença de um transtorno mental deve ser investigado por profissional especializado, o que evitará complicações maiores.

Estudos mostram que cerca de 40% dos adolescentes que se cortam não contam para ninguém e muitas vezes acabam cometendo lesões mais graves do que intencionavam.

O que pode ser feito?

Intervenções na escola:

  • Promover educação emocional desde os primeiros anos escolares;
  •  Capacitar funcionários e professores para perceberem comportamentos de isolamento: ficar no banheiro com frequência, vítimas de (Cyber) Bullying; presença de transtornos mentais, neurodiversidade, dificuldades especiais.
 

Como abordar?

  • “Você não está sozinho, estou aqui para te ajudar.”
  • “Eu entendo que você está passando por dificuldades e sentimentos ruins (tristeza, solidão, vergonha, culpa…), e que encontrou esta maneira de enfrentar isso, mas pode haver outras formas de lidar”.
 

Como os pais devem agir?

  • Buscar uma relação de confiança e escuta não julgadora;
  • Não expressar choque, revolta ou desconforto;
  • Evitar focar e supervalorizar as lesões.
 

Empoderar e encorajar o adolescente, mostrando que ele tem recursos emocionais a desenvolver para lidar com as questões de outra forma.

Agir nos grupos “negativos”:

  • Mudar de escola;
  • Restringir acesso ao celular e mídias sociais por um tempo;
  • Estar presente;
  • Estimular atividades esportivas, artísticas, religiosas.
 

Procurar tratamento especializado

para identificar riscos e a presença de transtornos mentais que possam levar a desfechos inesperados.

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