Opy Saúde
Quem tem medo do Psiquiatra?
Por Dra. Gianna Guiotti
Meu filho precisa de um psiquiatra?
Diversos fatores culturais e históricos fazem as pessoas terem resistência em relação à psiquiatria. Quando falamos em psiquiatra da infância e adolescência então, os pais ficam assustados e bastante resistentes.
Um bom especialista em psiquiatria nesta faixa etária tem conhecimentos na área de pediatria, neurologia, psiquiatria e psicologia. É preciso conhecer sobre desenvolvimento físico, cognitivo e emocional normais para detectar quando algo não vai bem…
Muitos sintomas que aparecem nesta fase refletem alguma condição ou dificuldade de adaptação diante de mudanças, além de singularidades no processo de desenvolvimento e aprendizado. A escola e os responsáveis são fundamentais no processo de reconhecimento de possíveis distúrbios no desenvolvimento.
Há situações em que a criança ou o adolescente precisam de ajuda e intervenção especializada diante de alguma dificuldade temporária: problemas de relacionamento na escola ou em casa, perdas e lutos, mudanças difíceis e dificuldades de aprendizagem.
Porem há casos em que estas dificuldades refletem condições que se não reconhecidas e tratadas adequadamente, podem acarretar consequências durante toda a vida.
Estudos mostram que metade dos adultos que apresentam algum tipo de transtorno mental (depressão, ansiedade e outros) apresentaram sintomas antes dos 14 anos!
Perda de interesse em brincar ou sair com os amigos, irritabilidade, atraso ou dificuldade de aprendizagem e concentração, alteração de sono e apetite, recusa em ir à escola ou a programas sociais e familiares, sensação de incapacidade e falta de energia, dentre outros…são sinais que algo não vai bem e que é necessário procurar ajuda especializada e intervir precocemente e corretamente.
Um bom psiquiatra da Infância e Adolescência consegue identificar às situações em que é necessário intervir e qual o tipo de intervenção. Quero deixar claro que intervir nem sempre é medicar, podemos indicar exames complementares, acompanhamento psicoterápico ao menor ou aos pais, avaliação fonoaudiologia ou pedagógica. Até mesmo mudanças necessárias na rotina da casa ou da escola podem ser uma intervenção oportuna e suficiente.
Porem quando é necessário medicar, é preciso orientar aos pais a importância da medicação adequada em determinado momento da vida.
Reconhecer possíveis sintomas nesta idade e intervir de forma correta pode mudar pra melhor o curso do desenvolvimento da criança ou adolescente, evitando diversos prejuízos e consequências, tais como: repetências ou abandono escolar, uso abusivo de internet e games, dependência de álcool e drogas, gravidez precoce, envolvimento em situações de risco e acidentes, etc.
Além disso, as potencialidades da criança podem não ser aproveitadas e o desenvolvimento emocional e cognitivo serem prejudicados.
Os pais também precisam ficar atentos às expectativas em relação aos filhos, conhecerem o temperamento e respeitarem as limitações de cada um. Refletir sobre estas expectativas é importante, pois o que esperamos de um filho pode não ser o que ele nos dar.
Procure sempre um profissional capacitado!
Reconhecer e tratar adequadamente estes transtornos e condições é fundamental para evitar consequências ruins que podem refletir para o resto da vida.
Gianna Guiotti Testa
Medica Psiquiatra (responsável técnica da Clínica OPY)
CRM DF- 15231